PRESIDENTE DA ABDAN ANUNCIA PROPOSTAS PARA DESTRAVAR PROJETOS NUCLEARES EM GERAÇÃO E MEDICINA

DSC_0005Neste primeiro de realização da feira Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), representantes do mercado e da academia estão discutindo sobre os caminhos para destravar importantes projetos do segmento. Em geração de energia, o desafio é concluir as obras de Angra 3 e bater o martelo para a construção de novos reatores no país. Já na medicina nuclear, o grande passo a ser dado é iniciar as obras do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que dará autossuficiência ao país na produção de radiofármacos. O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, lembrou que a obra de Angra 3, por exemplo, pode gerar até 9 mil empregos diretos e indiretos, além de estimular o desenvolvimento da infraestrutura local. O presidente da ABDAN disse que a entidade, em parceria com a Frente Parlamentar Nuclear, vai trabalhar para elaborar uma proposta que definitivamente transforme a política nuclear brasileira em uma política de Estado. Esse passo será fundamental para destravar projetos de geração de energia atômica, como também poderá contribuir para o desenvolvimento da medicina nuclear brasileira. Cunha também revelou que a ABDAN está construindo um plano chamado “Tempo é Saúde”. A iniciativa visa estruturar toda essa cadeia produtiva, apoiado pela construção do projeto do RMB.

Veja abaixo a íntegra do discurso de Celso Cunha na abertura da feira NT2E, realizada na manhã de hoje (3), no Rio de Janeiro:

DSC_0020A NT2E é um evento que se propõe a estimular um ambiente de negócios saudável e próspero. Propõe-se a falar sobre o presente e o futuro, sem se esquecer dos erros do passado. Estamos incentivando as novas gerações através do Hackaton, uma parceria entre a Academia e o Setor Privado. Também estamos apoiando as micro e pequenas empresas, que hoje representam mais de 95% do CNPJ do País, com o apoio do Sebrae-RJ que está realizando as rodadas de negócio. A ASME está oferecendo 3 dias de capacitação para os nossos profissionais.

O mundo durante a COP26 e 27 reafirmou a importância da energia nuclear. A ONU e outros organismos internacionais, afirmaram que sem Geração Nuclear não haverá descarbonização. Os países estão respondendo a esta demanda afim de deixar um legado; um mundo menos depende do Petróleo. Diversos países lançaram seus programas para acelerar o uso da Geração termonuclear nas suas matrizes energéticas. O Brasil, que já possui uma matriz elétrica extremamente limpa, não ficou para trás. Lançamos o programa nacional de energia 2050, que prevê a construção de 8 a 10 GW de novas usinas. O Plano Decenal de Energia 2031, prevê a construção da primeira usina do PNE 2050 de 1 GW.

O Brasil vive um momento de um novo Governo. Um Governo construído através de uma ampla frente política, que por si só traz os seus desafios para consolidá-la. Este novo Governo, traz uma nova diretriz: “Valorizar a vida.” O Setor Nuclear Brasileiro, pode contribuir com esta diretriz. Não só por gerarmos muitos empregos, como por exemplo a construção da usina de Angra 3 que vai gerar de 7000 a 9000 empregos diretos e indiretos durante a sua construção, que vai propiciar o aumento da infraestrutura e da arrecadação local, mais ainda em diversas outras áreas, como por exemplo na Medicina Nuclear, que salva vidas ao realizar o diagnóstico e o tratamento de doenças, tal qual o câncer.

DSC_0083Sabemos que estamos devendo muito ao nosso povo neste segmento. Não conseguimos disponibilizar os radiofármacos a tempo, e no local certo no momento que se precisa. A Argentina por exemplo, tem uma população cinco vezes menor que a do Brasil e realiza quatro vezes mais diagnóstico e tratamento do câncer, do que em nosso País.

Não conseguimos descentralizar nosso sistema de saúde de forma satisfatória para atender a população brasileira. Hoje a população menos favorecida, leva cerca de 6 meses para marcar uma consulta, mais 6 meses para fazer um exame, 6 meses para pegar o exame e outros 6 meses para voltar ao médico. Ao final de 2 anos, este paciente provavelmente terá seu quadro de saúde agravado.

Para tanto, a ABDAN está construindo um Plano para propor ao Governo o que chamamos de: “Tempo é Saúde”. Este programa visa estruturar toda esta cadeia produtiva, apoiado pela construção do projeto do RMB, já anunciado pela Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação em diversos fóruns, inclusive na viagem do Presidente Lula a Argentina.

DSC_0089Outro eixo importante que já citei, é do meio ambiente. O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem interagido mais com a comunidade internacional, tem dialogado com todos e afirma em todos os fóruns que o “Brasil voltou”. O Setor Nuclear é um exemplo de participação nos fóruns internacionais. Participamos da AIEA, GIFEN, NEI, dentre muitos outros.

Temos uma das menores taxas de emissão de gases efeito estufa dentre todas as fontes de geração de energia; produzimos um grande volume de energia por metro quadrado; damos estabilidade ao sistema e com os novos modelos de SMR, incorporaremos vários outros atributos ao nosso negócio. O Brasil em sua matriz energética, tem a predominância das fontes hídricas que são fontes de base, mas estão sujeitas as condições climáticas e tendo seus melhores locais já explorados.

Estamos avançando fortemente com a geração solar e eólica, mas estas também têm seus contrapontos, com relação a variabilidade e o baixo fator de carga. Precisamos continuar avançando com estas fontes em nossa matriz elétrica, e para isso, precisamos de uma fonte de base confiável e limpa. A Nuclear pode fazer este papel.

DSC_0091Caros amigos, gostaria de terminar a minha fala, enviando uma mensagem a todos, de esperança e de avanço do setor nuclear. O MCTI logo nos primeiros dias de Governo deu a largada e anunciou o RMB, já informando de onde virá os recursos. 

As Instituições e empresas do Setor, FRAMATOME, Eletronuclear, ATECH, AMAZUL, ROSATOM, INB, Westinghouse e a CNEN assinaram diversos contratos e MOU durante a NT2E, o que demonstra que estamos avançando, mesmo em um cenário adverso.

Vamos, todos, trabalhar de forma cooperativa para construirmos juntos a nova Frente Parlamentar Mista da Tecnologia Nuclear, que tem 194 deputados federais e 13 senadores na sua base, elaborando uma proposta que definitivamente transforme a política nuclear brasileira em uma política de Estado, que não sofra descontinuidade ao longo dos muitos anos. Precisamos valorizar os nossos centros de Pesquisa, afinal sem eles, teremos dificuldade em construir o amanhã.

A ABDAN entregou ao Governo uma proposta de ações que para até o ano de 2050, terá a capacidade de gerar mais de US$ 70 bilhões e mais de 50 mil empregos neste período. Mas para que isso aconteça, precisamos nos unirmos em prol de um objetivo em comum. 

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